Celular 5G, internet das coisas e robôs contra a solidão: a
É o lugar onde todas as companhias que se dedicam a fabricar tecnologia precisam estar. A CES (Consumer Electronics Show, ou exposição de eletrônica de consumo) acontece desde 1967, e aqui foram anunciados inventos como o gravador de vídeo VHS, o CD, a TV de alta definição, o Blu-Ray e as impressoras 3D. Neste ano, 180.000 visitantes, 4.500 exibidores e 6.000 jornalistas passaram pela feira de Las Vegas, que ocorreu entre 8 e 11 de janeiro. Não houve grandes anúncios, mas foram confirmadas tendências como a esperada chegada do 5G, a onipresença dos televisores com definição 8K e a inteligência artificial destinada a conectar todos os dispositivos que existem em nossa vida, incluindo carros e máquinas de lavar roupa. E também esteve presente a única companhia tecnológica que se permite o luxo de estar ausente todos os anos, a Apple, já que Samsung e LG anunciaram acordos para que o software da empresa da maçã esteja presente em seus televisores, uma novidade mais relevante do que parece, pois pode ser um sinal de que as fracas vendas do iPhone estariam obrigando a Apple a rever sua tradicional política de isolamento.
Estas são as principais novidades da CES 2019:
A chegada do 5G
A CES (que o EL PAÍS visitou a convite da Samsung) não é uma feira de telefonia, então a maior parte dos fabricantes guarda seus anúncios desse setor para o evento MWC, que ocorre em fevereiro em Barcelona. Entretanto, a nova tecnologia 5G esteve presente em todas as apresentações. Do transporte à realidade virtual, passando pela saúde digital e a fabricação em grande escala, o 5G promete mudar tudo: “Ainda não somos capazes de saber até que ponto mudará”, diz John Penney, vice-presidente da 20th Century Fox. O 5G promete 100 vezes mais velocidade que o 4G, com menos consumo de energia. Mas, sobretudo, não haverá latência. Isto, nas palavras de John Smee, vice-presidente da Qualcomm, significará uma “revolução” em questões como operações cirúrgicas à distância ou realidade virtual e aumentada. O primeiro telefone 5G chegará ao mercado neste ano, segundo a Samsung.
Hiperconectados
“Passamos os últimos 30 anos conectando as pessoas. Passaremos os próximos 30 conectando coisas.” A frase de Brian Modoff, outro vice-presidente da Qualcomm, foi usada por Ben Arnold, diretor de inovação da CTA (a associação das companhias tecnológicas dos EUA, que organiza a CES), para apresentar uma nova geração de aparelhos domésticos interconectados com inteligência artificial. Das câmeras internas nas geladeiras Bosch aos assistentes inteligentes da Amazon e Google, tudo está conectado. O mercado dos eletrodomésticos inteligentes crescerá 17% neste ano nos EUA, chegando a 4,6 bilhões de dólares, segundo a CTA.
Os novos televisores
O televisor, como grande aglutinador do entretenimento doméstico, é o protagonista indiscutível da CES. O negócio que mais crescerá neste ano nos EUA é, de longe, o do conteúdo emitido por streaming através de plataformas como Netflix e HBO, alcançando 26 bilhões de dólares (25% mais que em 2018). A iluminação da tela, a resolução e, claro, o acesso aos conteúdos são as chaves dos novos televisores, explica José Ignacio Monge, diretor de marketing da divisão de Eletrônica de Consumo da Samsung na Espanha. A companhia, maior fabricante de televisores do mundo, apresentou na CES uma nova tecnologia de telas inteligentes chamada MicroLED, que contêm milhões de chips microscópicos que emitem sua própria luz, produzindo assim milhões de cores brilhantes na tela, “numa revolução similar às do plasma, do LCD e do LED em seus momentos”, segundo Monge. A LG, por sua vez, anunciou que neste ano começará a vender o televisor dobrável que apresentou no ano passado nesta mesma feira.
Conteúdos em 8K
A tecnologia 8K, que tem 16 vezes mais resolução que o Full HD, já está presente na maior parte dos televisores apresentados na CES. A emissora japonesa NHK já anunciou que transmitirá os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 em 8K, e a maior parte dos produtores de filmes e séries já rodam com essa resolução. A grande dúvida é quando esta tecnologia se massificará, já que muitos lares acabam de se atualizar para o 4K. Este ano será também, segundo Monge, quando começaremos a usar a voz para mandar no televisor, não só para que mude de canal, mas também que tome decisões por nós (“qual é a próxima série que me recomenda?”).
O futuro do transporte
A CES há alguns anos virou uma grande feira para o carro conectado. Nesta edição, 11 montadoras de automóveis apresentaram produtos, com destaque para a moto elétrica da Harley-Davidson e o táxi aéreo da Bell Helicopter. A maior parte das companhias apresentou tecnologias que melhoram a segurança e a conectividade dos veículos, e neste ano chegarão às ruas de algumas cidades dos EUA os veículos automáticos da GM, Ford e Daimler. O veículo 100% autônomo, entretanto, só deve chegar em 2030, segundo as previsões da CTA.
Robôs para tudo
Robôs de todo tipo foram vistos na CES. O mais fotografado provavelmente foi o Lovot que, segundo seu fabricante, a companhia japonesa Groove X, servirá para erradicar a solidão: não faz nada de útil, exceto ser fofo. A Samsung apresentou pela primeira vez sua própria bateria de robôs, estes sim pensados para cuidar da saúde e ajudar no lar e em lojas e restaurantes. E a Sony renovou seu cão-robô Aibo.
Realidade virtual e aumentada
Este é um dos mercados em que o exagero (ou hype, como se diz neste setor) está muito à frente da realidade. Ainda à espera de que o 5G possa tornar realidade muitas das promessas dos produtos das grandes do setor (como os óculos de realidade mista Hololens da Microsoft, e o Oculus, do Facebook), algumas coisas interessantes já puderam ser vistas, como os óculos de sol com realidade virtual da companhia chinesa Nreal Light, que pesam apenas 85 gramas.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/01/12/tecnologia/1547288980_518731.html